Olhava insistentemente na mesma direção, um pobre cão, magrelo, sem cor, não se podia dizer que era marrom, nem que era caramelo, era um tom assim meio amarelo, mas pobre cachorrinho, nem cor tinha o bichinho. Esperava por um dono, abandonado de baixo de uma marquise, com frio, fome e sem nome, arriscou correr atrás de um homem que cantava. Na primeira tentativa levou um ponta pé e uma “rosnada”. Revoltado e desanimado, voltou para marquise meio desconfiado. Ajeitou seu traseiro em cima do cimento, passou horas ao relento, ninguém parou. Ao amanhecer, viu um sol diferente, seu brilho era mais reluzente, o que lhe deu coragem para mudar. Levantou e nem se espreguiçou, tinha pressa de uma nova jornada começar. Olhou para o horizonte atento, sacudiu seu pelo pulguento e partiu sem para trás olhar.
O cão sem cor nunca mais foi visto naquela vizinhança, porque após aquele dia, o brilho da esperança o transformou no cão mais colorido do mundo.
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